sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022
Onde estava Maria da Paixão? Risomar Fasanaro
Minha amiga Alfredina me chamou a atenção:
-“Não gosto da imagem da Maria da Paixão daquele jeito. Gosto dela mais solta, mais rebelde.”
- De que jeito falei de Maria? Falei que ela era rebelde, Dina.
Pensei tratar-se do meu texto sobre Maria. Mas aí me dei conta de que havia uma publicidade sobre os sessenta anos de Osasco, que a prefeitura colocou na TV.
Procurei o vídeo. Vi-o inteiro mas não encontrei Maria da Paixão. A “senhora” que ali falava dos seus sonhos do futuro era outra. Quem sabe uma pastora evangélica ou a esposa de algum empresário, quem sabe uma professora dos anos 40? Vestido discreto, penteado bem comportado, gestos comedidos. E Maria onde estava? Em qualquer outro lugar, menos ali.
Presumo que a intenção do prefeito, quem sabe do secretário da Cultura ou seja lá quem foi da assessoria tenha tido a melhor das intenções, Mas para quem conheceu, ou até mesmo quem a viu apenas uma vez, sabe que ela não era daquele jeito.
Isso parece não ter importância, mas demonstra o desconhecimento que o marqueteiro do prefeito tem dos que fazem cultura na cidade. Imaginei num futuro próximo vermos na Globo ou no SBT o Dario Bendas de terno e gravata borboleta falando sobre as maravilhas da cidade.
Lembrei-me do professor Mílton Santos no filme “Encontro com Mílton Santos” de Sílvio Tendler usando uma bata de tecido afro. Linda, linda pela estampa, linda por Sílvio e ele terem afirmado nossas raízes africanas.
Para administrar uma cidade, especialmente a área da cultura, é preciso conhecer seus habitantes, seus produtores culturais, seus artistas.
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