domingo, 1 de julho de 2012

6 Poemas do poeta Alberto Oliveira



CERTOS HERDEIROS
Alberto Oliveira

Lembras do carro de boi
Das cantigas de cocão
De um tempo que se foi
E de um certo baião?
O que escuto hoje em dia
É rima sem poesia
E os versos sem beleza...
No céu Zé Dantas calado
Marcolino envergonhado
Luiz Lua na tristeza.

Não te desejes primeiro
Do sonho e da vastidão
Usa o sentido e razão
Não digas eu sou herdeiro
É difícil essa jornada
Muito longa a caminhada
Para um baião inventar...
As loas metrificadas
E rimas sem dizer nada
E um baião a faltar.



Tu te lembras do cocão
Carro de boi pela serra?
Segue nessa direção
E chega ao meio da terra
Tu vais encontrar ali
Beija Flor e Maturi
A carregar meu baião...
E um carreiro feliz
Tangendo a própria raiz
Da toada do meu chão

***
AMIZADE
I
Amizade não comporta
Caminhar numa só via
Lembrança dum negro dia
Nada disso ela suporta...

II
Amizade não tem porta
De saída ou de entrada
Amizade é como estrada
Pra se caminhar a dois...

III
Pra num futuro depois
Vir saudade da jornada...

IV
Amizade não precisa
De afago e de carinho
nem que se mostre o caminho
do sol, do mar e da brisa
Ela é concreta e concisa...

V
Um gesto deseducado
No presente ou no passado
Afastará para um lado
Amigo de toda hora
O fim será no agora
Um do outro separado...

VI
São duas vias somente
Que cabem na amizade...

VII
Compreensão, lealdade
E um ao outro se dar
Sem ter pressa de cobrar
A paga acaso devida...

VIII
Só assim a nossa lida
Terá sentido e razão
Navegar não foi em vão
Pelas trilhas dessa vida!

AS CRIANÇAS E AS PLANTAS


As crianças são anunciadas pelos ventos...
E chegam à vida,
cavalgando o corcel do sol.
São anunciadas também,
pela chuva fina, que prenuncia a lua
e fecunda a terra.
Ao chegarem,
enchem de amor e prazer,
o coração dos Pais. E dos Poetas.




O CORDELISTA
Na mente crias as imagens
Arruma por um momento...
Matuta no pensamento
As mais diversas paisagens
E assim nessas viagens
No oficio a trabalhar
No papel vai anotar
Com lápis firme na mão
Traz o céu bota no chão
Põe o mundo pra girar!
***

O Artesão
Com as mãos molda as imagens
A madeira é seu tesouro
Com os dedos passa o ouro
Do tronco sai mil miragens
E assim nas engrenagens
Oficio da criação
Pra ele o verso e canção
E meu profundo respeito
Só sei dizer desse jeito
A minha admiração.
***

Quem é Alberto Oliveira

Alberto Oliveira nasceu em Caiçara, Paraíba. É casado, tem duas filhas e três netos. Mora no bairro do Derby, no Recife.
Consultor dos Projetos Livraria Expressa, Biblioteca Expressa, Cordel no Meio do Mundo, Plantando Sementes e Cultura da Terra.
Sólida experiência na área de organização e métodos, comando de equipes e desenvolvimento de Projetos na área cultural. Escritor e Poeta.
Experiência Profissional
1965 a 1995 – Colaborador do Banco do Nordeste do Brasil S/A, onde exerceu as mais diversas funções.
Desde 1995 – Atuando exclusivamente na área cultural, onde já desenvolveu diversos Projetos. Dentre eles, merecem destaque: Livrarias Expressas, Cultura nas Escolas e Universidades, Luz no Verso, Cultura da Terra, etc...é o Coordenador do grupo UZYNA CULTURAL.
Autor de Livros e Cordéis, merecendo destacar: Sertão Despedaçado e Pelas Trilhas do Repente no Nordeste Brasileiro. Fez parte do grupo musical A uZyna, com 01 CD lançado em 2006: Cantigas de Sertões.






Nenhum comentário:

Postar um comentário