domingo, 4 de agosto de 2024
As vozes da ditadura - João dos Reis
Ao Vozes da ditadura
Prezados/as
Profª Mariluci
Uma sugestão para o blog: sobre a vida e a arte de Antonio Benetazzo (1941-1972). Pesquisando na internet, há muita informação sobre o militante e artista..
ANTONIO BENETAZZO nasceu em 01/11/1941 em Verona, Itália. Mudou-se ainda menino para o Brasil. Começou a trabalhar ainda criança; aos 13 anos era operário em São Paulo. Estudante de Filosofia e de Arquitetura na USP; foi presidente do centro acadêmico de Filosofia; professor de Filosofia e História da Arte em cursinho preparatório para o vestibular e no Iade (Instituto de Artes e Decoração). Militou no PCB, e depois da cisão do partido, na ALN. Foi um dos participantes do 30º Congresso de Ibiúna em 1968 – o cartaz da UNE para o encontro foi criação dele. Esteve em Cuba em 1971 e voltou como militante do Molipo. Foi preso em 28/10/1972 e morreu sob tortura dois dias depois; foi enterrado como indigente na Vala de Perus do Cemitério Dom Bosco em Perus; nos anos 80 a família conseguiu localizar e identificar o corpo e fazer o translado.
Eu o conheci na Faculdade de Filosofia da USP em 1968; conversei poucas vezes com ele - eu tinha 19 anos, ele já era uma liderança estudantil. Recordo a presença dele durante a ocupação da faculdade e na chamada batalha da rua Maria Antonia com o CCC e estudantes da Universidade Mackenzie.
Entre 1973 e 1980 fui professor de Filosofia nas cidades do Litoral Norte de São Paulo. Em Caraguatatuba, onde Benetazzo viveu parte de juventude, e entre os professores que tinham sido seus amigos, foi o personagem ausente, “desaparecido”, mais presente entre nós nos anos 70. Em São Sebastião, fui professor da irmã caçula dele, Italia; conversamos muito depois do final das aulas - era a aluna que esteve mais próxima de mim na escola estadual da cidade.
Italia Benetazzo vive em Ribeirão Preto; reencontrei-a no Memorial da Resistência em outubro de 2019, em um “sábado resistente” em que o irmão dela foi homenageado – e ele me contou que escolheu o curso de Psicologia depois dos nossos diálogos. Conheci os filhos dela, Pedro e Isadora Benetazzo Serrer, estudantes de Geografia na USP, e confessei que não visitei os avós deles em São Sebastião nos anos 70: era um tempo de silêncio.
Envio o único vídeo que encontrei, do Instituto Vladimir Herzog, com depoimentos das irmãs dele e de companheiros de militância.
https://vladimirherzog.org/exposicao-antonio-benetazzo/vida-de-antonio-benetazzo/
Indico o livro de Reinaldo Cardenuto e uma exposição com o mesmo nome: “Antonio Benetazzo, permanências do sensível”.
E o curta metragem “Entre imagens (Intervalo)”, de Reinaldo Cardenuto e André Fratti Costa.
Uma observação:
No texto do Instituto Vladimir Herzog e no site desaparecidospolíticos, está que ele foi enterrado no Cemitério Dom Bosco em 1972. Mas não consta que ele foi um dos foram identificados apenas nos anos 80. Essa informação está na página 30 do livro "Vala clandestina de Perus - desaparecidos políticos, um capítulo não encerrado da História brasileira" (vários autores, Instituto Macuco, São Paulo, 2012). Enviei no final do ano passado uma resenha do livro; envio-a novamente, no final.
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