Claudio Aguiar escreveu um livro sobre o líder das Ligas Camponeses (“Francisco Julião, uma biografia”, Civilização Brasileira, R.Janeiro, 2014, 854 pp). Foi o revolucionário que incendiou o Nordeste nos anos 60 - organizou a maior greve de trabalhadores rurais no Brasil. O governo reconheceu o piso salarial dos camponeses da zona canavieira pernambucana e o direito à sindicalização.
FRANCISCO JULIÃO ARRUDA DE PAULA nasceu em 1915 na Fazenda Espera (antes Boa Esperança) em Bom Jardim, Agreste de Pernambuco. Era de família de pequenos e médios proprietários de terras e engenhos. Estudou Direito em Recife. Ainda muito jovem, advogado recém-formado, começa a defender os camponeses. Contra a prática medieval do “cambão”- alguns dias de trabalho gratuito por ano nas terras do senhor. E do “cabocó” - o trabalhador rebelde era colocado longas horas ou mesmo dias seguidos num tanque de água fria na altura da boca.
A primeira vitória foi a expropriação pelo poder público do Engenho Galiléia, em Vitória de Santo Antão: as terras e o engenho passam a ser administrados pelos “galileus” em gestão coletiva.
Escreve manifestos, panfletos e cartilhas sobre a questão da terra, organiza protestos e manifestações públicas. Deputado Estadual pelo PSB em 1954 e 1958 e Federal. Participa do debate sobre as reformas de base do governo de Jango Goulart . Com o golpe militar de 1964, vive na clandestinidade até junho; foi preso e esteve em diferentes cárceres - Brasilia, Rio de Janeiro e Recife -, sendo barbaramente torturado. Consegue a liberdade por um habeas corpus impetrado por Sobral Pinto em dezembro de 1965. Parte para o exílio na Iugoslávia, Chile e México. Voltou depois de 14 anos, mas em 1986 volta ao México; morre em 1999.
Um dos documentos escritos por ele, “Bença, mãe”, em 1963, aborda a história dos sindicatos rurais, que surgiram com a organização das Ligas Camponesas. Seu projeto de escrever um livro de memórias (“As utopias de um homem desarmado”) nunca foi concluído.
NOTAS
1) - O envio do convite, pelo Raul, do lançamento do livro em Porto Alegre foi o ponto de partida para escrever esse texto.
2) - Não tenho (ainda) o livro; retirei as informações sobre Francisco Julião do artigo de Carlos Augusto Addor, prof. de História da UFF, no site da "Revista de História".
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