A Comissão da Verdade/Osasco finaliza seu trabalho. Nesse período encaminhei a vocês meus textos com os personagens da história da cidade. Nunca havia escrito sobre esse passado de lutas. Foi uma catarse, como disse a Gabriel Roberto Figueiredo, o primeiro exemplo de um revolucionário na minha infância e adolescência .
Foram três meses de retomada das lembranças, muitas delas dolorosas. Porque a ausência dos companheiros trouxe uma avalanche de emoções. Saudades dos que partiram e não estão presentes para viver esse momento. Mas esperança de que esses dias sombrios não voltem nunca mais. Para que as novas gerações tenham um documento – e vejam a dor, o sofrimento que a ditadura militar provocou em mais de duas décadas nas vidas dos companheiros e seus familiares.
Não estaremos mais silenciosos: diante das novas ameaças fascistas, estaremos vigilantes. É um novo tempo: de redescoberta, de desafios para o futuro. Os estudantes-operários da “Cidade-trabalho” (como Osasco era chamada) - que sacrificaram suas vidas por um mundo com justiça e liberdade - fazem parte da História.
Recordando mais uma vez alguns deles: Sérgio Zanardi, militante do PCB, que se suicidou no inicio dos anos 60; José Campos Barreto, da VPR e VAR-Palmares; José Groff, da Pastoral Operária e da Frente Nacional do Trabalho; Maria de Lourdes Brengel, da Juventude Operária Católica e da FNT. E também Alberto Abib Andery, que vive na Casa São Paulo. Eles estarão sempre presentes em nossos corações.
Os Negrini, meus bisavós, chegaram em Santos em 1888. Eram "braccianti" na Itália e vieram substituir a mão de obra escrava nas fazendas de café. As familias Ferro e Reis partiram de Portugal e chegaram ao Brasil no inicio do século XX. Eram jovens, vieram em busca de trabalho - e acreditavam no "sonho americano". Eu vivi na minha juventude a descrença e o desencanto.
saudações socialistas
João dos Reis
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