sexta-feira, 14 de maio de 2021
Júlia Lopes de Almeida, derrubando muralhas
Júlia Lopes de Almeida é o nome de uma escola, que fica no bairro de Rochdale, Osasco.
Confesso que nunca li nenhum livro da escritora, apenas alguns textos nos manuais escolares. Tenho um amigo que sempre me presenteia com o jornal literário “Rascunhos”, de Curitiba, Paraná, e ontem, lendo um exemplar desse jornal, encontrei em Conversas Flutuantes, alguns dados sobre Júlia Lopes que me chamaram a atenção. Senti o tempo que perdi sem conhecê-la.
Júlia Valentim da Silveira Lopes de Almeida nasceu em 24 de setembro de 1862, no Rio de Janeiro. Além de romances escreveu crônicas, poemas, artigos para jornais, peças teatrais e foi ela a primeira escritora a publicar livros infantis no Brasil. Bem antes de Monteiro Lobato, Júlia e sua irmã Adeelina Lopes Vieira publicaram “Contos Infantis” em 1886, enquanto Lobato só veio a publicar sua primeira obra “A Menina do nariz arrebitado” em 1921.
Júlia Lopes foi uma desbravadora das muralhas que toda mulher enfrenta na vida. Feminista, defendia em seus artigos a independência feminina, o divórcio, a abolição da escravatura e a República. Isso em uma época mais conservadora preconceituosa e machista ainda que a de hoje.
Corajosa, ela abordou em suas obras o aborto, o estupro, e a falta de liberdade das mulheres.
Foi a única mulher entre os organizadores da ABL- Academia Brasileira de Letras, mas não pode ocupar uma de suas cadeiras, porque seus colegas escritores não permitiram; como “prêmio de consolação” foi seu marido, o escritor português Filinto de Almeida, cujo talento nunca alcançou o da mulher, que ocupou a cadeira número 3 na ABL.
Ela era demais para a sociedade em que viveu, por isso não recebeu apoio de nenhum de seus colegas. A injustiça praticada contra ela passou em branco. Grandes nomes da literatura: Arthur Azevedo, Machado de Assis, Olavo Bilac, Inglês de Sousa, João Ribeiro eram seus amigos, mas nenhum deles elevou a voz para defender sua entrada na ABL.
Esta injustiça mancha a história da academia. Só em 2017 a academia reconheceu e se desculpou da injustiça que cometeu.
Em seus romances a autora considerada realista com traços de naturalismo e por alguns denominada gótica.
Extensa é a obra desta escritora que foi a autora que teve seus livros entre os mais vendidos em sua época. Destacamos: A Falência, romance, Ânsia Eterna, contos, A Isca e vários outros.
Coerente com o que defendia, Júlia Lopes quando já não se interessava mais pelo marido, separou-se.
No regresso de uma viagem à África, Júlia ficou doente de malária e faleceu em 30 de maio de 1934 no Rio de Janeiro.
Risomar Fasanaro
Bibliografia: “Rascunhos número 247
Google, Wikpédia, Youtube.
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