sábado, 11 de outubro de 2014

RECORDANDO Jorge Baptista Filho e o Jornal “Batente”- João dos Reis


RECORDANDO Jorge Baptista Filho e o Jornal “Batente”

Refletindo com o filósofo que conquistou nossos corações e mentes em 1968:

" Essa capacidade para esquecer (...) é um requisito indispensável da higiene mental e física, sem o que a vida civilizada seria insuportável ... (...) Esquecer é também perdoar o que não seria perdoado se a justiça e a liberdade prevalecerem. Esse perdão reproduz as condições que reproduzem injustiça e escravidão: esquecer o sofrimento passado é perdoar as forças que o causaram _ sem derrotar essas forças. As feridas que saram com o tempo são também as feridas que contêm o veneno. Contra essa rendição do tempo, o reinvestimento da recordação em seus direitos, como um veiculo de libertação, é uma das mais nobres tarefas do pensamento. (...) Tal como a faculdade de esquecer, aparece-nos a capacidade para relembrar é um produto da civilização _ talvez a sua mais vetusta e fundamental realização psicológica". (Herbert MARCUSE, “Eros e civilização", Zahar Edit., R.Janeiro, 1981, p.200)

No final dos anos 70, os ventos da anistia e a volta dos exilados trouxeram esperança de retorno à democracia. Antonio Roberto Espinosa e Jorge Baptista Filho, ex-presos políticos, e um grupo de militantes sindicais da oposição (bancários, metalúrgicos, professores) e dos movimentos populares, decidiram criar o “Batente” em Osasco. O jornal teve 13 edições e circulou entre 1979 e 1981 com financiamento da Novib da Holanda. Foram participantes dedicados: meu querido amigo Jesse Navarro, Luis Egipto, João Joaquim da Silva, Marcos L. Martins.

Na experiência inovadora de um jornalismo popular e democrático, convivi com pessoas especiais: José Ramos Neto, Horácio Coutinho, Sérgio Avancine. Acredito que nossa crença é de que era possível desafiar o poder da grande imprensa burguesa. Com noticias produzidas pelos moradores dos bairros e dos lideres do sindicalismo de oposição, investimos nossos sonhos nesse projeto. Lembro de uma conversa com um jovem colaborador: os jornais de bairro nos países europeus também eram a grande novidade em comunicação de massa.

JORGE BAPTISTA FILHO nasceu em 1942 em Cássia (MG). Em 1966, estudante de Jornalismo, foi presidente do DCE da UFMG. Participou do 28º Congresso da UNE em 1968 em Ibiúna. Foi militante do COLINA em Belo Horizonte, e depois da VAR-Palmares. Todos os que o conheceram admiravam a serenidade, a amabilidade, o compromisso com os trabalhadores. Jorge era um dos palestrantes da Frente Nacional do Trabalho: participei do grupo de estudo “Imprensa Popular: um novo jornalismo”, e aprendi a escrever um texto para jornal. Foi um dos fundadores do PT em Osasco; contribuiu para a formação da jovem democracia - e construiu nesse processo a sua cidadania osasquense.

Jorge é um dos personagens da história de Osasco que hoje não está presente: morreu com a mulher e um filho em um acidente de carro em 1986 ; não viveu para participar dos desafios de um novo tempo. Seu filho Manoel sobreviveu ao acidente e foi criado pelos avós em Natal (RN).
(Sou grato ao Espinosa pela revisão e sugestões a esse meu texto).

2 comentários:

  1. Riso, que beleza! Marcuse pode estar ultrapassado (...), mas que me recorde num li tal aperitivo, ou melhor convite à reflexão filosofica. Quer dizer certamente devo acumulado algo, via H. Mauro, Rossellini, Glauber, S. Tendler etc. Dias desses descobri de passagem um livro de duas jornalistas sobre o Batente, qual é mesmo o nome de le e delas? Cmo encontra-lo? Perdemos Jorge... Mas felizmente temos hj vc. Espinosa para nos (in) formar Bjs.

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    1. Riso me enrrolei. Conforme disse ao J. Reis pessoalmente tdos os créditos no caso são dele. Disse q Marcuse pode estar ultrapassado sem conhecer Filosofia.
      P/ aprofundar o debate, antes preciso sim finalizar e exibir meu documentário sobre 68 em Osasco que vc. tb. faz parte. O PASSAPORTE P/ OSASCO.
      Agora a lição valeu!
      E um Salve especial a vc., João e Espinosa neste Dia do Professor!!!
      Bjs.
      P.S.: O cinema quis dizer, é uma arte que estimula e muito ao pensamento. Ou melhor: determinado cinema.

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