Metamorfose
Quando amanheci
Me convenci
Que “aquilo” não era eu
Fui consultar os oráculos
Mas nenhum me convenceu...
Cabeça de leão,
Corpo de águia,
Destino de Prometeu?
Ou, quem sabe,
De Cervantes,
Herdei o que era meu...
Coração dilacerado
Procurando o que perdeu
**O Mar e as Rosas
O perfume das rosas,
Tem vida efêmera.
Como o amor,
Só duram uma noite:
Aquela noite que faltou
Quantas noites não vividas
E outras que nunca virão
Como aplacar o desejo?
Latente no coração...
Do outro lado do mar
Rosas me esperam
Rosas mudas,
Rosas flor?
Ou em buquês
Prá disfarçar
O cheiro de morte
A morte do amor
13-06-2012
A Felicidade é um mistério:
Impossível penetrar.
é a distância entre o real
e o virtual
medida em escala
infinitesimal.
Imaterial, não se encontra em bazar
mas tem um preço
o qual não posso pagar.
O Último pacote
Aquele
pacote queimou-me as mãos. A Josi ligara dizendo: Belinho, tem uma encomenda
para você, pode passar aqui? Sabia do que se tratava, quase lhe conhecia o
conteúdo: Cds, Cds, Cds. Música da melhor qualidade e o dicionário digitalizado,
de Antonio Houaiss, que iria me ajudar no entendimento das novas regras de
ortografia e gramática com as quais deveria preparar-me para a tarefa, tantas
vezes adiada, de escrever um livro...
Pensei:
para que vou aprender tudo isso? Essas regras têm um período de carência de dez
anos para entarem em vigor. Dez anos...é muito tempo! Será que estarei vivo até
lá? Será que em dez anos não teria
concluído o tal livro e, assim, dispensaria o entendimento das tais regrinhas?
Conformei-me; ou melhor: desesperei-me! Se até aos sessenta e quatro ainda não
escrevera nada que prestasse, como esperar que em apenas dez, conseguisse? Sem
querer, estava utilizando-me da Lei de Relatividade. Pois o tempo nem é curto
nem longo, depende do que se planeja fazer....acho melhor aprender as tais
regras, posso precisar delas. Entretanto, vou entrar com uma ação indenizatória
contra, contra, contra quem? Afinal, eu perdi tantos anos estudando as regras
antigas para agora não servirem para nada?
A presidenta que me aguarde...
Mas, o
pacote? Ah, o pacote. Passei na seção após o almoço e o peguei. Não tinha
ninguém na sala. Levei-o embaixo do braço para o meu local de trabalho, lá é
que deveria abrí-lo, longe da presença de curiosos. Estava em pânico. Como
abrir aquele pacote, sabendo que seria o último? Veio-me à memória o poema do
Joaquim Cardozo: "A Visão do Último Trem Subindo ao Céu", que relera
recentemente. Por que não deixá-lo do jeito que estava; assim, adiando aquela
ruptura de um relacionamento que mal começara, mas que tinha sido tão intenso?
Olhei a data: o carimbo dos Correios indicava cinco de junho. Hoje é doze. Ou
são doze? Meus Deus, parece que preciso mesmo das tais "Novas Regras"
da Língua Portuguesa...
Pois é,
em apenas sete dias, quanta coisa mudou.
É certo que, a apenas dois dias da postagem, senti nas
"entrelinhas" que algo mudara. Aquele ultimato estava bem claro:
"não posso esperar quatro, seis anos...meu tempo se esvai. E se eu arranjar
companhia, um namorado, será bom para você?"...
Aquilo
deixou-me apavorado, perplexo. Sabia que quando ela tomava uma decisão era prá
valer. Foi assim o fim do primeiro casamento, conforme li no seu livro
autobiográfico; e em outras decisões igualmente difíceis. Pensei: o que é que
eu vou fazer? Pensei pior: se já não houvesse nada a fazer? Cobrança nesse sentido já tinha havido, é
certo, mas nenhuma com aquele veemência e aquela condição apavorante. Será que
já não tem? Pensei e me angustiei. Chorei aquele choro rouco e desesperado dos
que se sentem traídos, dos que perderam tudo, até a esperança de vida...
Minha
resposta fora breve, lacônica e mordaz. Afinal, até aquele momento, ainda me
sentia seguro, senhor de mim e de um fascínio que julgava possuir. Ledo engano.
Nos dias seguintes, nem uma resposta, o mais absoluto silêncio...
Enfim,
quando recebi aquele telefonema, comunicando a chegada do pacote, sebia que
seria o último; o fechamento de um ciclo que não se fechou, de uma vida que não
vivi, de uma paixão que não se apagou.
Palmas, 12 de junho de 2012
Não importa a nota
em que Mi tocas
Dó Ré ou Fá,
Prá Lá da clave de Sol,
em sustenido ou bemol...
Si não existe,
Eu invento!,
A nota Ti ...
O que importa:
és a canção
que Mi toca o coração...
Antônio Belo
Araguaína-Araguatins,
10/11.07.12
Obrigada pelo acesso ao "Afinando a Viola", é mais um blog de tantos outros que tenho, está ainda em fase de construção, mas não resisti e postei o link no facebook. Agora que vocês já descobriram, rssss, espero ser visitada mais vezes. Voltarei aqui mais vezes. quero fazer uma leitura apurada de tudo de belo que está postado. Parabéns pelo blog e obrigada pelas informações da família poética de Antônio Belo. Grande abraço!
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